Steve Jobs e os Ícones

No que disseram que meu amigo Steve Jobs estava com câncer no pâncreas, eu comentei: “pode encomendar o caixão”. Porque esse tipo de câncer arrebenta com o camarada e lhe dá uma morte certa, cheia de incômodo, sofrimento e feiúra.

Só que o Steve não é um cara qualquer. Ele não é aquele aposentado de 63 anos que teve AVC ontem e ficou 12, 16 horas para receber atendimento que constatou sua morte cerebral.

Ele era rico. Milionário. Quiçá um exemplo a ser seguido, um exemplo de força, determinação, garra, inteligência e nem de longe ele era um cara comum.

O que me deixa “deslocado” é que acredito não haver diferença entre o Jobs e o aposentado. Ambos tem, para mim, o mesmo peso: eram pais, amigos, companheiros, tinham colegas, relacionamentos. Eram pessoas importantes.

Mas o Jobbs era mais importante porque era milionário. Porque seu drama foi exposto na mídia mundial. Já o drama do aposentado passou apenas na TV local e rapidamente será esquecido.

O Jobs vai ficar aí, na História.

E é isso que me intriga. O porquê de precisarmos tanto desse culto ao sucesso.

O que é sucesso? O que é felicidade, riqueza, prosperidade, fortuna? Não sei até que ponto a criação de alguns computadores, MP3 Players e tablets com serventia quase que completamente inútil possa ser sinônimo de sucesso. Não sei até que ponto ter uma conta bancária com (in)finitos zeros seja considerado sucesso.

Sucesso é jogar RPG com os amigos e colocar isso na Internet para que todo mundo veja?

Não sei. O que sei é que a Vida Humana deveria ser avaliada por outros valores que não a fama.