Então Ela foi Embora…

Pois é, cara. Ela foi embora.

Tanta coisa legal, tantas horas juntos, tanto carinho, tanta dedicação e… Acabou.

Ela foi embora. A mulher que você tanto gostava, que você tanto queria, que você achava ser a “Number One” em sua vida… Foi embora.

Eu meço você por mim: nada do que eu disser vai te ajudar nessa hora. É uma merda, você está na merda, está com raiva, frustrado e medonhamente esperançoso de que ela volte atrás… Mesmo sabendo que não tem volta.

Este é um momento delicado. A gente quer sair do atoleiro mas quer ficar no atoleiro, porque mantém a esperança de que ela possa se arrepender e voltar e tals.

Ela não vai voltar. Ela não te quer mais. Não importa o que rolou, não importa o que aconteceu. Deu merda. E no lugar dela ficou a merda.

Agora, você tem que se livrar dessa merda. Não dá pra ficar sofrendo o resto da vida feito um desgraçado. Não adianta se punir, não adianta punir inclusive ela.

Porque nessas horas é que o homem deve ter dignidade e apego aos seus valores pessoais.

Dignidade no sentido de não se entregar ao martírio da separação. Porque você sabe que não é disso. Você não é de ficar choramingando pelos cantos da casa feito um coitado. E ser um coitado, agora, é não ter dignidade.

E por ter valores pessoais, você precisa deles pra recomeçar a mover sua cabeça no sentido de, primeiro, compreender o porquê dessa sua dependência por ela.

Eu vou te dizer umas coisas que vão te machucar. Não siga adiante na leitura se você quer se punir mais ainda. Vai encarar? Então tá.

1 – Você se apegou demais. Se apegou demais exatamente porque não soube se resguardar. É gostoso namorar, é gostoso transar mas é preciso ter em mente que 99% dos relacionamentos não duram.  Seja pelo interesse, competição, cansaço, morte, o que for, numa hora a festa acaba. E nós jamais pensamos que algo tão bom vai acabar. Daí o apego. Portanto, desapegue-se. Não se torne um insensível mas não se torne um carrapato.

2 – Você não se resguardou. É normal, num relacionamento, a gente se entregar. A mídia prega isso, né? Só há amor verdadeiro com entrega completa. Só que isso é papo de marketeiro. A Verdade é que não podemos nos entregar total e completamente. Podemos, e devemos, entrar no relacionamento. Mas precisamos manter uma porta aberta pra sair fora quando nos expulsam ou quando o barraco cai. Confie, desconfiando.

3 – Os sinais foram claros. Quando uma parceira está insatisfeita conosco, ela dá sinais. Funciona com cachorros, gatos e até com periquitos. No seu caso ela deu sinais de que estava contrariada, magoada, ou que tinha outro galo no terreiro. Sempre. Não adianta negar, ela te avisou indiretamente e você não viu. Se viu, reagiu do pior jeito e deu no que deu.

E agora?

Agora você está mergulhado num estado emocional complicado, mas que basicamente está sustentado em frustração, mágoa, revolta, depressão, raiva, frustração, exatamente pelo seu apego desmedido pela moça. Você não está no seu melhor momento e é preciso colocar a cabeça no lugar. E isso a gente consegue, a duras penas, usando a velha e boa RAZÃO. Me acompanhe:

1 – Toda sua auto-punição está sendo criada pelo seu Ego. Ele não te perdoa por você ter sido vacilão, incompetente, burro, enfim, isso que você é. Só que o Ego só é ouvido se você quiser. Tá certo que ele está instalado em sua Vida desde sempre, mas um Homem deve saber quando está se prejudicando. E você está se prejudicando ao dar ouvidos a quem está te punindo.

2 – Como deixar de se punir? Simples: abrace seu algoz. Assuma completamente que você errou. Não se reprima, não se sufoque, não se puna. Aceite. Mas não basta aceitar, o mais difícil é SE PERDOAR! O seu Ego está te punindo porque você quer ser punido. Ele é Satanás no Inferno da auto-comiseração. Ele atua pra te foder! Ora, mas ele é parte de você! Então, destrua-o aceitando seus erros e abrace seu algoz.

O lance de se perdoar é mais complicado. Porque se punir dá prazer. Te dá sentido. Dói e complica mas há prazer e direção. Há prazer porque você se pune no lugar dela. Isso te qualifica a frustração, sacou? Mas ao abraçar a punição, você compreende que estava agindo de maneira equivocada e, por conseguinte, se livra da punição. Se livrando da punição, você compreende o porquê dela existir e, assim, com a Razão do seu lado, você combate a Emoção dizendo à ela que se perdoa. Que não há mais motivos para ela se descontrolar pois você se perdoou.

3 – O mais difícil de tudo vem agora: você precisa perdoar sua ex. Não é preciso entender porque ela te deixou. Se entender melhor, beleza. Mas se não entender, foda-se. Let her go.

“Ah, mas eu fui usado! Ah, mas eu fui humilhado! Ah, mas eu…” Esse é seu Ego falando de novo, sinal que você não se perdoou o suficiente. Let her go.

De novo, vamos usar nossa amiga Razão: você gosta dessa mulher, certo? Você a amou, certo? Então, se você a ama de verdade, deve respeitar a decisão dela, por mais que te prejudique, por mais que te contrarie. Porque ela não é sua posse. Seu Ego e a Sociedade, mesmo ela, te disseram que ela era sua mas, lamento dizer, ninguém é dono de ninguém. Você alimentou fantasias, delírios e mentiras que agora cobram o preço. Let her go.

Portanto, se você ama alguém, precisa aprender a respeitar a decisão desse alguém, por mais que te prejudique. É doloroso, eu sei, mas seu Ego é foda, ele vai te confundir com mentiras. Let her go.

4 – A verdade é que você nunca vai deixar de amar a dita cuja. Porque você teve ótimos momentos com ela. Momentos autênticos, verdadeiros, reais. Que se foram mas que permanecem na sua memória afetiva, em seu coração. Que homem em sã consciência jogaria fora essas lembranças tão doces? Por isso que eu te digo: não jogue fora as memórias, as lambranças, as coisas boas do passado. Não deixe que a sua mágoa, ou a canalhice alheia, macule ou estrague suas lembranças.

Porque, quando você for mais velho e menos ansioso, sua mente estará mais calma. E a medida que a Hora Derradeira se aproxima, você pode recordar as coisas boas que fez, as pessoas boas que conheceu e os amores que teve.

Let her go. Porque você ficará e zelará pela esperança daquilo que teria sido.